Já está claro que resiliência é fundamental para a aprendizagem, mas para desenvolver essa mentalidade, é preciso esforço e mudança de atitude.
Dentre as habilidades socioemocionais a resiliência se destaca exatamente
por permitir a alunos e professores lidar com o estresse inerente às
transformações dos novos tempos. Considerando que ser educador está
entre as profissões mais estressantes, faz todo sentido questionar como
aprender e como ensinar resiliência na escola?
O que é resiliência
Segundo definição da Sociedade Norte-Americana de Psicologia, a
resiliência é definida como a capacidade psicológica de se adaptar às
circunstâncias estressantes e se recuperar de eventos adversos. Na
Física, resiliência é compreendida como a propriedade de um corpo de
recuperar a sua forma original, após sofrer algum choque ou deformação. A
palavra deriva do latim resilio, que significa saltar para trás, reduzir-se e afastar-se.
Os primeiros estudos sobre resiliência foram conduzidos há mais de 40
anos e enfatizaram a influência da genética nesse traço de
personalidade, alegando que o indivíduo nasceria com ou sem essa
característica. Embora o papel da genética deva ser considerado,
pesquisas mais recentes indicam que a resiliência – em crianças e
adultos – pode ser aprendida, e a escola é um espaço privilegiado para
isso. Atualmente, defende-se que a resiliência resulta de uma conjunção
de fatores genéticos, pessoais e ambientais. Norman Garmezy,
norte-americano pioneiro na pesquisa sobre resiliência e desenvolvimento
cerebral, defendeu que a resiliência em crianças que vivem em contexto
de vulnerabilidade e adversidade ocorre de maneira mais próspera quando
elas podem contar com um adulto com quem mantenham uma relação de
proximidade e confiança. Além disso, em um estudo sobre o
desenvolvimento da resiliência desde a infância até a adolescência
conduzido por mais de dez anos em uma comunidade urbana, pesquisadores
concluíram que os fatores que mais influenciam o quanto um indivíduo se
torna resiliente são, principalmente, a existência de relacionamentos
positivos, o desafio intelectual e o bom desempenho acadêmico. Esses
resultados reforçam a importância de se concentrar nos processos que
promovem e facilitam a resiliência e iluminam o papel dos educadores
como potenciais adultos de referência nesse processo.
Viktor Frankl, autor do livro Em busca de sentido,
narra a sua experiência como sobrevivente de um campo de concentração.
Para ele, o principal elemento que permite a um ser humano buscar
significado é eleger um propósito e criar metas concretas para si mesmo
que vão além do sofrimento momentâneo. Ao construir uma ponte para o
futuro, o indivíduo pode encontrar a direção para um cenário que lhe
pareça possível e aliviar a sensação de que o presente é tão avassalador
que não pode ser administrado. Ainda que ser criativo diante das
adversidades possa ser muito desafiador, é importante construir o hábito
de ser inventivo, fazer uso dos recursos disponíveis de formas
inexploradas e visualizar possibilidades que muitas vezes não estão
claras no início.
Há uma ideia geral de que é responsabilidade de cada um administrar as
próprias emoções. Considerando que a escola é um espaço propício para o
aprendizado, troca entre pares e desenvolvimento pessoal, seria
interessante que diretores, coordenadores pedagógicos e outros gestores
incentivassem os professores a desenvolver a resiliência como uma das
habilidades socioemocionais. Isso pode ser feito priorizando essa
habilidade como parte do treinamento de professores e explorando seu
desenvolvimento em reuniões pedagógicas. Se os professores precisam se
adaptar às mudanças trazidas pelo advento da tecnologia e se manter
emocionalmente equilibrados para lidar com os desafios da profissão, a
base desse processo deve se fundamentar nos aspectos emocionais e de
bem-estar dentro do ambiente profissional.
Resiliência para professores
Em um estudo sobre resiliência entre professores em contexto urbano, há
algumas sugestões interessantes para colocar em prática, tanto no
dia-a-dia da sala de aula como em decisões tomadas por gestores
educacionais:
- Estimule a criação de espaços para reflexão, desenvolvimento profissional e envolvimento de todos nessas atividades dentro da escola;
- Trabalhe o autoconhecimento: saiba diferenciar quando se envolver em uma situação e quando há fatores que indicam que o melhor é deixar para lá;
- Identifique quais são os principais valores pessoais que norteiam a sua escolha pela profissão e veja se estão alinhados com os seus processos de tomada de decisão;
- Fortaleça o trabalho e o apoio entre pares: a mentoria é uma ferramenta valiosa para troca, crescimento e aprendizado;
- Não se foque em um estilo único de ensinar. Esteja aberto a novas ideias e formas de ensino-aprendizado;
- Tenha clareza de quem são os principais aliados e parceiros que vão lhe dar apoio emocional e intelectual, tanto dentro quanto fora da escola.
Desenvolvendo a resiliência nos alunos
O desenvolvimento da resiliência deve fazer parte da cultura escolar, de
forma que tanto o ambiente quanto o currículo pedagógico promovam um
senso de pertencimento e unidade entre colegas e professores – deixando
claro o que é esperado de cada aluno.
A literatura em habilidades socioemocionais indica diversas formas para
incluir a resiliência nos planos de aula, o que certamente é um caminho
interessante e que deve ser adaptado a cada realidade escolar. Além da
inserção do tema nas aulas, Carol Dweck, professora de Psicologia na
Universidade de Stanford (EUA) e autora do livro Mindset, propôs os conceitos de “mentalidade fixa” (fixed mindset) e “mentalidade progressiva” (growth mindset) aplicados
à Educação. A autora examinou as conseqüências de considerar que a
inteligência ou traços de personalidade são algo que podemos
desenvolver, oposta à idéia de características fixas e inatas.
Estudantes com a “mentalidade progressiva”, por exemplo, consideram que a
inteligência pode ser desenvolvida por meio da combinação de esforço,
aprendizagem e orientação. Esses alunos também consideram a dedicação
como um fator chave para grandes realizações, e, como consequência, a
inteligência é sinônimo de aprendizagem, um processo contínuo que
precisa acontecer com esforço. O esforço é o que ativa a capacidade
individual de crescer por meio da prática e da experiência, então esses
alunos buscam constantemente formas distintas de criar oportunidades
para adquirir mais conhecimento. Em contraste, na “mentalidade fixa”, os
estudantes não ativam seus recursos para aprender, pois veem a
inteligência como um traço estabelecido que pode limitá-los na hora de
enfrentar obstáculos. Os alunos que possuem tal mentalidade tendem a
evitar tarefas que possam evidenciar suas deficiências, pois as
imperfeições são motivo de vergonha e mostrariam fraqueza diante de
colegas.
Para ajudar cada criança a cumprir seu potencial como estudante, Carol
Dweck acredita que os educadores devem promover um ambiente que
favoreça a “mentalidade progressiva” em seus alunos. Esta concepção pode
ser aplicada como uma ferramenta poderosa para professores, tanto como
forma de entender e ajudar seus alunos, como refletir a respeito de sua
própria postura como profissionais. Com a mentalidade apropriada e o
ensino efetivo, os estudantes podem conseguir muito mais do que pensam
que podem. Além disso, a autora afirma que geralmente os alunos não são
ensinados a pensar de forma diferente sobre suas habilidades de
aprendizagem. Neste contexto, os professores podem ajudá-los a mudar sua
mentalidade e, consequentemente, engajá-los e inspirá-los a dedicarem
maior empenho e esforço à aprendizagem.
Em resumo, para levar uma “mentalidade progressiva” para as escolas, professores e gestores devem:
- Criar uma cultura de altas expectativas na escola
- Valorizar os alunos pelo esforço que eles aplicaram em vez de chamá-los simplesmente de inteligentes
- Encorajar os alunos a ter um objetivo pessoal que gostariam de alcançar
- Enfatizar o valor do desafio
- Dar uma sensação de progresso no desempenho de cada aluno
- Criar uma cultura de conquista no longo prazo, incentivando a paixão pela aprendizagem e resiliência no enfrentamento de desafios.
Já está claro que resiliência é fundamental para a aprendizagem, mas para desenvolver essa mentalidade, é preciso esforço e mudança de atitude.
Dentre as habilidades socioemocionais a resiliência se destaca exatamente
por permitir a alunos e professores lidar com o estresse inerente às
transformações dos novos tempos. Considerando que ser educador está
entre as profissões mais estressantes, faz todo sentido questionar como
aprender e como ensinar resiliência na escola?
O que é resiliência
Segundo definição da Sociedade Norte-Americana de Psicologia, a
resiliência é definida como a capacidade psicológica de se adaptar às
circunstâncias estressantes e se recuperar de eventos adversos. Na
Física, resiliência é compreendida como a propriedade de um corpo de
recuperar a sua forma original, após sofrer algum choque ou deformação. A
palavra deriva do latim resilio, que significa saltar para trás, reduzir-se e afastar-se.
Os primeiros estudos sobre resiliência foram conduzidos há mais de 40
anos e enfatizaram a influência da genética nesse traço de
personalidade, alegando que o indivíduo nasceria com ou sem essa
característica. Embora o papel da genética deva ser considerado,
pesquisas mais recentes indicam que a resiliência – em crianças e
adultos – pode ser aprendida, e a escola é um espaço privilegiado para
isso. Atualmente, defende-se que a resiliência resulta de uma conjunção
de fatores genéticos, pessoais e ambientais. Norman Garmezy,
norte-americano pioneiro na pesquisa sobre resiliência e desenvolvimento
cerebral, defendeu que a resiliência em crianças que vivem em contexto
de vulnerabilidade e adversidade ocorre de maneira mais próspera quando
elas podem contar com um adulto com quem mantenham uma relação de
proximidade e confiança. Além disso, em um estudo sobre o
desenvolvimento da resiliência desde a infância até a adolescência
conduzido por mais de dez anos em uma comunidade urbana, pesquisadores
concluíram que os fatores que mais influenciam o quanto um indivíduo se
torna resiliente são, principalmente, a existência de relacionamentos
positivos, o desafio intelectual e o bom desempenho acadêmico. Esses
resultados reforçam a importância de se concentrar nos processos que
promovem e facilitam a resiliência e iluminam o papel dos educadores
como potenciais adultos de referência nesse processo.
Viktor Frankl, autor do livro Em busca de sentido,
narra a sua experiência como sobrevivente de um campo de concentração.
Para ele, o principal elemento que permite a um ser humano buscar
significado é eleger um propósito e criar metas concretas para si mesmo
que vão além do sofrimento momentâneo. Ao construir uma ponte para o
futuro, o indivíduo pode encontrar a direção para um cenário que lhe
pareça possível e aliviar a sensação de que o presente é tão avassalador
que não pode ser administrado. Ainda que ser criativo diante das
adversidades possa ser muito desafiador, é importante construir o hábito
de ser inventivo, fazer uso dos recursos disponíveis de formas
inexploradas e visualizar possibilidades que muitas vezes não estão
claras no início.
Há uma ideia geral de que é responsabilidade de cada um administrar as
próprias emoções. Considerando que a escola é um espaço propício para o
aprendizado, troca entre pares e desenvolvimento pessoal, seria
interessante que diretores, coordenadores pedagógicos e outros gestores
incentivassem os professores a desenvolver a resiliência como uma das
habilidades socioemocionais. Isso pode ser feito priorizando essa
habilidade como parte do treinamento de professores e explorando seu
desenvolvimento em reuniões pedagógicas. Se os professores precisam se
adaptar às mudanças trazidas pelo advento da tecnologia e se manter
emocionalmente equilibrados para lidar com os desafios da profissão, a
base desse processo deve se fundamentar nos aspectos emocionais e de
bem-estar dentro do ambiente profissional.
Resiliência para professores
Em um estudo sobre resiliência entre professores em contexto urbano, há
algumas sugestões interessantes para colocar em prática, tanto no
dia-a-dia da sala de aula como em decisões tomadas por gestores
educacionais:
- Estimule a criação de espaços para reflexão, desenvolvimento profissional e envolvimento de todos nessas atividades dentro da escola;
- Trabalhe o autoconhecimento: saiba diferenciar quando se envolver em uma situação e quando há fatores que indicam que o melhor é deixar para lá;
- Identifique quais são os principais valores pessoais que norteiam a sua escolha pela profissão e veja se estão alinhados com os seus processos de tomada de decisão;
- Fortaleça o trabalho e o apoio entre pares: a mentoria é uma ferramenta valiosa para troca, crescimento e aprendizado;
- Não se foque em um estilo único de ensinar. Esteja aberto a novas ideias e formas de ensino-aprendizado;
- Tenha clareza de quem são os principais aliados e parceiros que vão lhe dar apoio emocional e intelectual, tanto dentro quanto fora da escola.
Desenvolvendo a resiliência nos alunos
O desenvolvimento da resiliência deve fazer parte da cultura escolar, de
forma que tanto o ambiente quanto o currículo pedagógico promovam um
senso de pertencimento e unidade entre colegas e professores – deixando
claro o que é esperado de cada aluno.
A literatura em habilidades socioemocionais indica diversas formas para
incluir a resiliência nos planos de aula, o que certamente é um caminho
interessante e que deve ser adaptado a cada realidade escolar. Além da
inserção do tema nas aulas, Carol Dweck, professora de Psicologia na
Universidade de Stanford (EUA) e autora do livro Mindset, propôs os conceitos de “mentalidade fixa” (fixed mindset) e “mentalidade progressiva” (growth mindset) aplicados
à Educação. A autora examinou as conseqüências de considerar que a
inteligência ou traços de personalidade são algo que podemos
desenvolver, oposta à idéia de características fixas e inatas.
Estudantes com a “mentalidade progressiva”, por exemplo, consideram que a
inteligência pode ser desenvolvida por meio da combinação de esforço,
aprendizagem e orientação. Esses alunos também consideram a dedicação
como um fator chave para grandes realizações, e, como consequência, a
inteligência é sinônimo de aprendizagem, um processo contínuo que
precisa acontecer com esforço. O esforço é o que ativa a capacidade
individual de crescer por meio da prática e da experiência, então esses
alunos buscam constantemente formas distintas de criar oportunidades
para adquirir mais conhecimento. Em contraste, na “mentalidade fixa”, os
estudantes não ativam seus recursos para aprender, pois veem a
inteligência como um traço estabelecido que pode limitá-los na hora de
enfrentar obstáculos. Os alunos que possuem tal mentalidade tendem a
evitar tarefas que possam evidenciar suas deficiências, pois as
imperfeições são motivo de vergonha e mostrariam fraqueza diante de
colegas.
Para ajudar cada criança a cumprir seu potencial como estudante, Carol
Dweck acredita que os educadores devem promover um ambiente que
favoreça a “mentalidade progressiva” em seus alunos. Esta concepção pode
ser aplicada como uma ferramenta poderosa para professores, tanto como
forma de entender e ajudar seus alunos, como refletir a respeito de sua
própria postura como profissionais. Com a mentalidade apropriada e o
ensino efetivo, os estudantes podem conseguir muito mais do que pensam
que podem. Além disso, a autora afirma que geralmente os alunos não são
ensinados a pensar de forma diferente sobre suas habilidades de
aprendizagem. Neste contexto, os professores podem ajudá-los a mudar sua
mentalidade e, consequentemente, engajá-los e inspirá-los a dedicarem
maior empenho e esforço à aprendizagem.
Em resumo, para levar uma “mentalidade progressiva” para as escolas, professores e gestores devem:
- Criar uma cultura de altas expectativas na escola
- Valorizar os alunos pelo esforço que eles aplicaram em vez de chamá-los simplesmente de inteligentes
- Encorajar os alunos a ter um objetivo pessoal que gostariam de alcançar
- Enfatizar o valor do desafio
- Dar uma sensação de progresso no desempenho de cada aluno
- Criar uma cultura de conquista no longo prazo, incentivando a paixão pela aprendizagem e resiliência no enfrentamento de desafios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário